Simplismente - éO'

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terça-feira, 30 de março de 2010

Loucuras de jovens sonhadores

Eram exatamente sete da manhã quando Alice acordou. Garota branca, estatura média, loira de cabelos encaracolados, tinha corpo e rosto atraentes. Pensamentos ainda desconexos por ter acordado recentemente. As imagens do sonho que teve rondavam sua mente, no entanto, não lembrava muito bem sobre o que era. Algo haver com um coelho correndo desesperadamente pela floresta segurando um relógio, uma rainha que não aceitava ser contrariada, desaniversários celebrados com chá e um gato colorido. Não sabia bem o porquê, mas não gostava muito desse último personagem. - Ah, deixa pra lá. – Pensou enquanto tomava o rumo do banheiro. Tomar um banho quente era a prioridade do dia.
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Lá estava ele, de frente para a janela do apartamento dela. Não perderia por nada desse mundo a chance que teria. Estava no mesmo lugar havia três horas e nenhum sinal dela. – Droga, com certeza já deve ter saído. Se ao menos eu tivesse acordado mais cedo, talvez ainda consegueria... – Interrompeu seus pensamentos para olhar o relógio. Sete e dez e nenhum sinal da moça.
Kliker estava começando a ficar preocupado, mas logo se acalmou quando ouviu barulho de música alta vindo do local que é o quarto dela. Era estranho ele se preocupar em acordar cedo, pois não conseguiu dormir na noite passada.

Kliker era um adolescente de estatura alta – aproximadamente 1,80 de altura – cabelos lisos e grisalhos, rapaz branco. Era um bom rapaz, mas às vezes era mau também (assim como qualquer outra pessoa). Gostava de sair à noite com os amigos, e entre cigarros e bebidas jogava um pouco de conversa fora. Era relativamente feliz, tinha uma vida estável, pais legais, etc. Mas faltava algo para preencher a lacuna que havia em seus sorrisos. Faltava Alice, e era ela quem furtara seu sono. Quando tinha-lhe feito o convite de levá-la para a faculdade, nunca imaginou que ela pudesse aceitar. Mas mesmo assim o fez. Não sabe ao certo se ficou com medo ou coisa parecida. No final, tomou coragem e fez a pergunta. Os segundos entre a indagação e a resposta pareciam intermináveis anos. – Levaste meu sono e nem tens idéia disso. – Pensou. Era a primeira garota que convidava para uma carona em sua moto.

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Nesse momento, Alice acabou de tomar seu café da manhã. Olhou pela janela e viu que ele estava lá. Deu um largo e brilhante sorriso. Colocou sua calça jeans, calçou seu all- star branco, vestiu uma blusa verde, desenhou bigodes de gato em suas rosadas bochechas e, por último, botou um nariz de palhaço.

Pulou a janela de seu quarto (ficava no segundo andar) alcançando facilmente o chão. Abriu o portão do prédio e foi ao encontro dele. Ambos se cumprimentaram com aquele costumeiro beijinho no rosto e, logo em seguido, ela subiu na garupa da moto.

Em instantes, Kliker zarpou. Alice, com medo de cair, pôs os braços em volta da barriga do motorista. Ele estava usando uma jaqueta preta. Ela aproveitou a oportunidade e sorrateiramente pôs suas habilidosas mãos dentro de seus bolsos furtando-lhe a carteira, ainda tendo a mesma agilidade para colocar a mesma dentro de sua blusa, apesar da alta velocidade, pois a moto estava a 120 km/h. – Parece que sono não é a única coisa que ela rouba. – Pensou Kliker. No entanto, a carteira estava vazia, por isso não se importou.

- Sabe Kliker, se você fechar os olhos pode enxergar o paraíso, é fascinante.
- É mesmo?
- Sim.
- Sim o quê?
- Sim senhor.
- Hmmm... Bem melhor agora. – Disse Kliker num tom rude.

Às vezes, na vida de qualquer ser humano, é preciso de alguns segundos para que se faça algo. Algo que pode mudar a vida de quem o faça. Às vezes, um pequeno ato é tudo de que precisamos para nos tornar livres. Somente isso para saber se valeu a pena tudo que vivemos. Foi nisso que Kliker pensou quando repentinamente acelerou mais sua moto. Tinha feito à decisão que mudaria não só sua vida, como a de outras pessoas que nunca antes vira.

O shopping era o local que escolhera. Uma decisão feita na hora, pensada na hora, sem preparos ou coisa parecida que um estrategista psicótico pensaria antes de tal maldoso ato (ou bondoso dependendo do ponto de vista).

Alice estava começando a se assustar, ela percebeu (o que é inevitável) que a moto estava indo rápido demais. Apesar de assustada, gostava daquela sensação. Não sabia o que diabos ele estava pensando, mas certamente era algo bom, não importasse o que fosse. Foi nesse momento que teve uma idéia, faria-o ver o paraíso.

Kliker sentiu as macias mãos de Alice tapando-lhe os olhos – Ah, que sensação boa. Nesse momento nada mais importa. – Pensou ele. De repente, o veículo subiu na calçada e começou a atropelar os pedestres. Ao invés de gritos e protestos para o louco motorista, ouvia-se elogios de quem estava sendo atropelado.

-VAI FUNDO RAPAZ! – gritou um velho.
-NÃO DESISTA AGORA! – gritou freneticamente uma senhora.
-NÃO SE ESQUEÇA, A ESTRADA PARA ONDE QUER QUE VOCÊ VÁ, É LOGO ALI VIRANDO A ESQUERDA! – apontou um garoto usando um daqueles bonés com uma espécie de hélice de brinquedo que se vê em aviões.

Kliker estava deixando as coisas fluírem. Esse era o momento mais importante de sua vida, porque pela primeira vez ele não estava querendo controlar as coisas, deixaria tudo fluir naturalmente, como um louco sonhador.

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